São Luís nasceu no castelo de Poissy, a 30 quilômetros de Paris, a 25 de
Abril de 1214 ou 1215, dia de procissões solenes do dia de São Marcos. A sua
infância terá sido influenciada pela figura do seu pai que, unindo o zelo pela
religião à bravura marcial que lhe valeu o cognome de o Leão, subjugou os cátaros
do sul da França.
Particularmente zelosos da sua educação, os pais de Luís IX deram-lhe
bons preceptores: Mateus II de Montmorency, Guilherme des Barres, conde de
Rochefort, e Clemente de Metz, marechal da França, inspiraram-lhe os
sentimentos de um rei cristianíssimo e filho da Igreja.
Com a morte do seu pai em 8 de Novembro de 1226, Luís IX subiu ao trono
aos 12 anos de idade. Foi sagrado na catedral de Reims por Jacques de Bazoches,
bispo de Soissons, em 30 de Novembro do mesmo ano.
Por testamento de Luís VIII, a mãe do jovem monarca assumiu a regência de
França com o título de «baillistre», guardião da tutela do rei. De
personalidade forte, Branca de Castela encarnava a glória de ser filha,
sobrinha, esposa, irmã e tia de reis.
Durante a menoridade de Luís IX, a rainha mãe enfrentou as ambições da
Inglaterra e as pressões da nobreza do reino, que desejavam valer-se da pouca
idade do soberano para retomar os direitos perdidos para os monarcas do último
século.
Delicado, louro e de olhos azuis, Luís atingiu a maioridade a 25 de Abril
de 1234 mas continuou a manter a mãe numa posição de confiança e poder. Esta
organizou o seu casamento, realizado no dia 27 de Maio de 1234, na catedral de
Sens, pouco depois de o rei completar 20 anos. A esposa escolhida foi Margarida
da Provença, a filha mais velha de Beatriz de Sabóia e do conde Raimundo
Berengário IV da Provença e de Forcalquier, e irmã de Leonor, esposa de
Henrique III da Inglaterra.
Este reinado foi um período de paz e prosperidade para a França, mas também
de excepcionais zelos religioso e intolerância, com a intenção de conduzir o
povo francês à salvação da alma. São Luís não negligenciava o cuidado dos
pobres, proibiu o jogo e a prostituição e punia a blasfêmia. As punições
estipuladas eram tão rigorosas que o papa Clemente IV julgou ser necessário
atenuá-las.
Outro dos traços em que a religiosidade deste monarca se manifestou foi
na aquisição da coroa de espinhos e de um fragmento da cruz da crucificação de
Jesus Cristo, em 1239-1241, a Balduíno II, imperador de Constantinopla, por
135.000 libras. Para estas relíquias mandou edificar a capela gótica de
Sainte-Chapelle no coração de Paris, que curiosamente só custou 60.000 libras
para construir. Sob este reinado foram também construídas as catedrais de Amiens,
Rouen, Beauvais, Auxerre e Saint-Germain-en-Laye.
O monarca francês era zeloso da sua missão de «lugar-tenente de Deus na
Terra», da qual fora investido na sua coroação em Reims. De forma a cumprir
este dever organizaria duas cruzadas e, apesar de ambas terem fracassado, contribuíram
para o seu prestígio. Os seus contemporâneos não teriam compreendido se um rei
tão poderoso e piedoso não fosse libertar a Terra Santa.
Em 1244 Luís IX caiu gravemente enfermo de disenteria, a ponto de alguns
terem como certa sua morte. Foram organizadas vigílias, procissões e outros atos
religiosos pela sua convalescença, e o próprio monarca fez então um voto: caso
sobrevivesse, partiria em cruzada para libertar o Santo Sepulcro.
Quando recuperou a saúde, em 1248, apesar das oposições da Corte, cumpriu
o que havia prometido. Preparou um grande exército e, por várias vezes,
comandou as cruzadas para a Terra Santa. Mas em nenhuma delas teve êxito.
Primeiro, foi preso pelos muçulmanos, que o mantiveram no cativeiro durante seis
anos. Depois, numa outra investida, quando se aproximava de Tunis, foi
acometido pela peste e ali morreu, no dia 25 de agosto de 1270.
Os cruzados voltaram para a França trazendo o corpo do rei Luís IX, que
já tinha fama e odor de santidade. O seu corpo repousa na Abadia de
Saint-Denis.
O culto deste santo foi juridicamente examinado e aprovado pelo papa
Bonifácio VIII, que o canonizou em 1297 com o nome de São Luís da França. São
Luís é considerado o modelo do monarca cristão.
Franciscano Secular, de vida e coração, soube ensinar às gerações
vindouras a arte de bem governar ao serviço do Povo. São do seu testamento
espiritual - indelével legado ao seu filho - as seguintes ilustradas palavras:
- Guarda, meu filho, um coração compassivo para com os pobres, infelizes e aflitos e, quanto puderes, auxilia-os e consola-os.
Por todos os benefícios que te foram dados por Deus, rende-lhe graças para te tornares digno de receber maiores.
Em relação a teus súbditos, sê justo até o extremo da justiça, sem te desviares; e põe-te sempre de preferência da parte do pobre mais do que do rico, até estares bem certo da verdade.
Procura com empenho que todos os teus súbditos sejam protegidos pela justiça e pela paz».
Muito do que atualmente se sabe sobre a vida de São Luís foi o que ficou
registrado por Jean de Joinville, o seu principal biógrafo com a obra «A Vida
de São Luís». Jean de Joinville era amigo, confidente e conselheiro do rei, e
também foi uma das principais testemunhas no processo de canonização em 1297 pelo
papa Bonifácio VIII. Duas outras biografias importantes foram escritas pelo
confessor do rei, Godofredo de Beaulieu, e pelo seu capelão, Guilherme de
Chartres, Grão-Mestre da Ordem dos Templários.
A quarta notável fonte de
informação é a biografia de Guilherme de Saint-Pathus, escrita usando o
inquérito papal sobre a vida do rei para a sua canonização.
Fonte: OFS de Portugal
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