A Casa de São Francisco de Assis
Há tempos os irmãos acalentavam o desejo de construir um abrigo para os terceiros idosos e necessitados. Em 14 de novembro de 1970, ainda na gestão do Ministro Paulo Monteiro, a Irmã Ercília Guimarães Lima, que já doara o Jazigo do Cemitério do Araçá, doou um terreno, medindo 17 x 50 m, na Rua São José, 1149 (hoje Rua Jean de La Huerta), Vila Brasilina, para essa finalidade. Nesse terreno já funcionava, a título precário, um abrigo em pequena moradia.
Recebendo a doação, a Mesa Administrativa deferiu também a aquisição de um terreno vizinho, medindo 8 x 30 m, que a mesma Irmã benfeitora colocara à venda.
Vencidas as dificuldades burocráticas apresentadas pela Prefeitura, obtida a necessária aprovação do Vigário do bairro e da Cúria Metropolitana, uma vez que no projeto estava prevista a construção de uma Capela, em 29 de setembro de 1974, dia de São Miguel Arcanjo, ocorreu o lançamento da pedra fundamental, enterrando-se uma urna contendo um pergaminho noticiando o evento, várias relíquias religiosas, moedas e jornais da data. A cerimônia foi presidida por Dom Ernesto de Paula, Bispo Auxiliar de São Paulo, estando presente a doadora da propriedade, Irmã Ercília Guimarães Lima.
Em seu discurso, o Ministro Adolpho Cardoso asseverou ser “esse dia um marco das realizações da Ordem Terceira, desde que está levando a bom termo uma justa e sólida aspiração de todos os irmãos, ao mesmo tempo em que é uma recompensa aos esforços de todos quantos lutaram e vêm lutando por esse Abrigo, como Paulo Monteiro, Rosa Tellini e muitos outros” (Ata de 20 de outubro de 1974, Livro de Atas 1969-11979, p. 102).
Eram tempos de bonança financeira. Houve animada contribuição dos irmãos e irmãs que angariaram recursos com a coleta e venda de materiais recicláveis. A construção terminou em tempo recorde, com despesa inferior ao previsto.
Em 25 de março de 1975, foi celebrada a inauguração da Casa de São Francisco de Assis, em cerimônia oficiada novamente por Dom Ernesto de Paula, representando o Cardeal Arcebispo de São Paulo, Dom Paulo Evaristo Arns. “Era o coroamento de uma esperança de todos os componentes da Fraternidade”, disse o Ministro Adolpho Cardoso. A Irmã Rosa Tellini foi nomeada a primeira administradora da nova casa, morando no local.
Passados 30 anos, a Casa de São Francisco de Assis enfrentava dificuldades quase insolúveis: à deterioração do imóvel somavam-se novas exigências da legislação sanitária e hospitalar, altos custos da contratação de pessoal especializado e a baixa arrecadação da mensalidade dos irmãos abrigados. E pior: processos trabalhistas, advocatícios e fiscais pressionavam a Ordem. Para pagamento das dívidas, cogitou-se a venda do imóvel, impedida, porém, por cláusulas restritivas da escritura de doação. Como solução intermédia, a Casa foi alugada em 2012 para empresa do mesmo ramo.
Foi a Casa de São Francisco de Assis “um sonho realizado”, como constou no Relatório Trienal 1973-1976/1976-1979, hoje é um sonho interrompido, à espera de que uma feliz administração venha retomar a tarefa para a qual o Ministro Adolpho Cardoso, em seu discurso de inauguração, empregando termos de incisiva atualidade, concitava os futuros Irmãos.
A obra está pronta”, dizia na ocasião, “porém isto não é o bastante, eis que ela fora edificada para um fim e, portanto, tem-se de lhe dar continuidade e isto consiste no seu pleno e satisfatório funcionamento de sorte a alcançar os seus reais objetivos, que outros não são senão aqueles de propiciar aos nossos irmãos necessitados a assistência de que irão carecer. Tal aspiração só se conseguirá se a Casa desfrutar de uma sábia administração, que tenha sempre presente a importância do empreendimento, que sendo um patrimônio da Ordem, pertence a cada um dos irmãos, que por isso têm obrigação de zelar e defender” (Ata de 04 de junho de 1975, Livro de Atas 1969-1977, p. 123).
Edmilson Soares dos Anjos
Eu trabalhei cuidando da Ercilia Guimarães
ResponderExcluirEu convivi na "Casinha" com alguns Irmãos: Irmão Maurício,Irmã Helena,Irmã Catarina,Irmã Ivone,Irmã Ana,Irmã Cecília. Tempo precioso de cultivo á Espiritualidade Franciscana e desafios á vida Fraterna.
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