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Manhã franciscana de fé e devoção em São Paulo

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Moacir Beggo

Mais do que a bênção dos animaizinhos, a Festa de São Francisco de Assis, desde o dia 3, com o Trânsito (passagem), até  4 de outubro, é sempre um momento celebrativo, reflexivo e muito provocativo. Principalmente em tempos da Encíclica Laudato Si’. Os frades que presidiram as Celebrações Eucarísticas na manhã desta festa franciscana foram enfáticos em citar o Papa Francisco e seu pedido de socorro pela Mãe Terra.

São Francisco de Assis é Padroeiro da Paróquia da Vila Clementino e do Convento na região central de São Paulo. Os dois lugares são referências neste dia, onde o povo demonstra sua fé e devoção no santo que se encantava com o jeito de Deus humanizar-se com extrema humildade e simplicidade.

O Definidor da Província da Imaculada, Frei Gustavo Medella, presidiu a Missa das 10h30 no Convento São Francisco, que neste 2017 também está celebrando 370 anos de fundação. Frei Medella fez sua homilia a partir do canto de entrada, a conhecida oração “Senhor, fazei de mim um instrumento de vossa paz”.

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“Onde houver ódio, que eu leve amor… É um propósito bonito, muito conforme a espiritualidade cristã. Só que nenhum desses propósitos que aparecem nessa oração, pela qual temos tanto carinho, podem ser cumpridos se faltar o pedido introdutório que contém esta oração, que é: ‘Senhor, fazei de mim um instrumento de vossa paz’. Porque Francisco sabia que, sem Deus, nada podemos fazer. Dizia Francisco que se de nós for tirada a graça de Deus, só sobram os vícios e os pecados. ‘Ah, mas Francisco tinha uma visão muito negativa do ser humano!’, pode alguém dizer. Não tinha, não! Ele tinha uma visão realista e sabia que era limitado, cheio de pecados e dificuldades, mas profundamente amado por Deus. Quando estamos abertos a esta graça, podemos ser, sim, instrumento de paz, de amor e de todo o bem”, explicou o frade.

Segundo Frei Gustavo, para fazermos tudo isso que a canção nos propõe – o amor, a esperança, a alegria, a luz -, precisamos ter os reservatórios destas virtudes cheios. “E aí onde nós vamos buscar? Nos valores intuídos e ensinados por Francisco que aparecem nesta música. Devemos buscar, antes de tudo, como dizia Francisco, o Espírito do Senhor e seu santo modo de operar. E nós conseguimos esse santo modo de operar através da oração e da devoção”, acrescentou o presidente da celebração.

Depois, disse o frade, se estamos conectados com Deus, percebemos que essa conexão implica, necessariamente, em uma conexão com os irmãos. “E aí entra o valor da fraternidade. Sozinhos nós não conseguiremos caminhar muito. Nós vamos cansar, nós vamos sucumbir no meio do caminho”, alertou o frade.

“O Papa Francisco, na Laudato Si’, ao elencar todos os problemas que assolam o planeta, como a poluição das águas, a falta de recursos, a desigualdade social, diz que são problemas tão complexos que, por mais boa vontade que uma pessoa tenha ou um grupo isolado tenha para resolver, não vai conseguir. É necessário um espírito de conversão que perpasse e abrace toda a humanidade, para além daquilo que nos difere, seja elemento de fé, de cultura, de raça, de modo de pensar. Para além de tudo isso é urgente que construamos um espírito real e verdadeiro de fraternidade”, insistiu.

Segundo o frade, a espiritualidade franciscana, mesmo sendo espiritualidade cristã, católica, nos lança para esse espírito de diálogo, tão procurado e propagado pelo Papa Francisco. “E a Fraternidade Franciscana se estende à Fraternidade Universal com todos os bens criados. E é por isso que hoje é dia de trazer os nossos animais para receber as bênçãos, de pedir também bênçãos sobre nós, sobre as situações difíceis que estamos vivendo, mostrando que todos seres humanos, seres criados, brotamos da mesma matriz amorosa que é coração de Deus, aquele que nos criou”, lembrou.

Frei Gustavo disse, então, que um terceiro elemento, além da conexão com Deus e com os irmãos, é o olhar de conversão. “Reconhecer que o primeiro lugar, onde precisa de amor para não dar espaço ao ódio, é o nosso coração, porque às vezes podemos ter a ilusão que dentro de mim é só amor. Mas não é assim. Quantas vezes diante de uma topada, temos ódio da pedra que estava no caminho; diante de uma fechada do trânsito, temos ódio daquele que foi imprudente. Então, o primeiro lugar, onde o ódio, o egoísmo, a desordem e a falta de paz precisam ser vencidos, é dentro do nosso próprio coração. Isso nós só conseguimos através da graça de Deus no espírito de oração e devoção. Todas essas virtudes estão interligadas”, frisou, pedindo a inspiração de São Francisco para que o Senhor nos mostre o caminho de uma vida mais pacífica, harmoniosa, feliz, onde todos sejam respeitados e possam, de verdade, se sentirem amados por Deus, “porque conseguem encontrar em nós – aqueles que admiram Francisco e que desejam seguir a Cristo – o testemunho de amor, de paz e esperança que procuram”.

Durante toda a manhã,  a igreja esteve cheia. Ivone Aparecida da Silva participou da Celebração Eucarística das 9 horas, presidida por Frei Vanilton Leme. Durante todo o tempo, “Luna” esteve no seu colo, comportada e atenta. Só olhou desconfiada na oração do Pai Nosso quando uma pessoa ao lado colocou a mão no ombro de Da. Ivone. “Gosto muito de animais. Mas a Luna não é minha, mas de minha filha, que não pôde vir hoje aqui”, explicou.

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Bem próximo estava “Ozzy”, também no colo de sua protetora. O cãozinho só tem o nome do barulhento roqueiro Ozzy Osbourne, porque ali esbanjava tranquilidade. “Minha sobrinha é a dona dele e ela é roqueira”, explicou a artesã Maria de Fátima Tavares de Nascimento, que reside na av. São João, próxima do Convento. “Sou muito devota de São Francisco e adoro os animais. Acho que quando uma pessoa trata bem dos animais ela também respeita o ser humano. Basta ter sentimentos”, observou Maria de Fátima.

Fonte: http://www.franciscanos.org.br/

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