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Reforma de igreja receberá R$ 10 milhões.
Aprovado 1.º restauro em 222 anos na São Francisco da Penitência
02 de dezembro de 2009 | 0h 00   - O Estadao de S.Paulo

Depois de 17 anos lutando contra cupins, infiltrações, pó de madeira caindo constantemente de seu telhado e rangidos do piso tão altos e tão assustadores que pareciam anunciar o colapso de toda a estrutura, a Igreja da Venerável Ordem Terceira de São Francisco da Penitência, no centro de São Paulo, pode começar a vislumbrar um milagre. O Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico de São Paulo (Conpresp) aprovou em reunião ontem uma ampla reforma na igreja, lacrada pela Prefeitura em fevereiro do ano passado sob risco de ruir completamente. Os cupins estão sendo retirados, buracos no teto já passaram por conserto, paredes foram escoradas e, finalmente, o espaço poderá voltar a ter destaque como um importante capítulo da história da capital.
A Secretaria Estadual da Cultura calcula gastar até R$ 10 milhões nas obras, previstas para começarem em janeiro. Não há prazo para a reinauguração, mas o restauro da igreja deve durar mais de um ano e só será entregue na próxima gestão - essa será a primeira reforma da igreja construída em 1787, com capela projetada por Frei Galvão, o primeiro santo brasileiro. "Fizemos a descupinização, além de analisar a condição da estrutura e do telhado, e agora começa a parte difícil e delicada do restauro", diz o historiador Sergio Tiezzi, chefe de gabinete da secretaria.
A degradação da Igreja da Venerável Ordem Terceira de São Francisco nas últimas duas décadas talvez seja o exemplo mais gritante do desleixo com o patrimônio público de São Paulo, justamente por causa da sua beleza e importância para a capital. Construída em taipa de pilão, com 222 anos de história, seus deslumbrantes altares e estátuas abrigam três fases do estilo barroco: a clássica, a primitiva e a posterior.
Lá se encontram os restos mortais do militar Rafael Tobias de Aguiar, que deu nome à Rota, da Polícia Militar, e o coração do sacerdote e político Diogo Antônio Feijó, o Regente Feijó, um dos personagens mais importantes da história da capital paulista. A igreja fica ao lado do que foi o Convento de São Francisco, demolido em 1827 para dar lugar à Faculdade de Direito (na demolição, reza a lenda, houve um enorme espanto com a resistência da taipa, porque as picaretas, ao golpeá-las, provocavam faíscas).
Com o restauro, as salas superiores da igreja vão virar uma espécie de museu para a exibição de diversos objetos históricos acumulados nesses mais de dois séculos da Ordem Terceira de São Francisco. Entre as peças, estão 42 quadros com motivos religiosos - entre eles, de José Patrício, expoente das artes no Brasil Colônia -, dezenas de estátuas, livros de religião e atas de conselhos realizados desde 1760.

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