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“Tudo começou naquela noite do Oriente”


Frei Almir Ribeiro Guimarães

Nós, que somos discípulos de Jesus, gostamos muito dos dias de dezembro quando cantamos loas ao Menino das Palhas. Crianças, homens maduros e os já envelhecidos caminhamos todos rumo à celebração do Natal através das preparações sólidas e belas do tempo do Advento. Em lá chegando extasiamo-nos diante da maneira singela e pobre como Deus resolveu se manifestar. Natal é bem mais do que luzes que cintilam, do que brilho da purpurina, do que as árvores com suas bolas e um certo sentimento “adocicado” que pode tomar conta de nós. Natal e uma criança, é fragilidade, simplicidade. O Deus de todas as grandezas e de todos os tempos resolve fazer caminhada conosco. Não hesita, como diz a Carta aos Filipenses, em tomar a condição humana, a fragilidade humana, a posição do servo. Quando queremos dizer da beleza do Natal nada melhor do que exprimi-lo com o símbolo da criança indefesa deitada nas palhas. Singeleza, simplicidade, carinho, visita do Alto que se faz na pobreza de uma criatura dependente desse Menino das Palhas…

Com a encarnação, Deus passou a conviver com a fragilidade. Karl Ranher escreve a respeito: Natal, presença de Cristo, em toda existência humana: “Aí estou eu, perto de ti. Sou tua vida, sou teu tempo terrestre. Sou essa tonalidade cinzenta de teu cotidiano. Eu o suportei. Por que tu não o suportas? Choro tuas lágrimas; eu te peço que, por tua vez, chores as minhas, meu filho. Sou tua alegria. Por que hesitas em ser alegre? Depois que verti lágrimas, a atitude de alegria é a mais consentânea com a realidade: deixa medo e tristeza para aqueles que não têm esperança. Estou mesmo em teus impasses. Não fiques preocupado demais em te ver livre deles, pobre filho de visão acanhada, porque é então que mais te aproximas de mim, sem disto ter consciência. Estou em teu medo porque o sofri contigo e não fui heroico como o mundo costuma ser. Estou presente na prisão de tua finitude…”. Os que estamos para celebrar a Encarnação do Verbo temos consciência de que o humano todo e todos os humanos foram tocados e marcados pelo Verbo que se fez carne e nasceu naquela noite do Oriente.

Ora, os que contemplam a cruz do Mestre, os que leem novamente o texto de João que fala do soldado o peito de Jesus, fixam novamente extasiados com o abaixamento de Deus. Agora é um indefeso e inocente torturado que vai ter o Coração aberto constituindo assim uma janela por onde podemos ver o tesouros de amor de um Deus que é amor, o mesmo que antes era uma indefesa criança que nascia numa noite do Oriente.

O amor terno e carinhoso do Menino das Palhas se completa admiravelmente com as torrentes de amor que jorram do peito aberto daquele que não hesitou em revestir-se de simplicidade de pobreza.

Fonte: http://www.franciscanos.org.br


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