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Corpus Christi

Adoração ao Santíssimo Sacramento além da missa
Valdeci Toledo, revista Ave-Maria – jun2014.

“Eis que estou, convosco todos os dias, até o fim do mundo”. (Mt 28,20)
Jesus está sempre conosco, jamais nos abandona; ele participa d o nosso dia a dia. Às vezes não percebemos sua presença, sobretudo quando passamos por momentos difíceis. Parece que as dificuldades obscurecem nossa visão e não conseguimos notar a presença do Senhor. <as quando paramos para refletir, chegamos à conclusão de que ele sempre está presente. O Senhor jamais nos desampara e como prometido, está sempre conosco.
Um modo de vivenciar a presença do Senhor e estabelecer comunhão com Ele é nos aproximar do Santíssimo Sacramento do altar. A participação na missa é a forma mais perfeita dessa comunhão, pois podemos efetivamente comungar o Corpo e Sangue de Cristo. É o próprio Senhor que estabelece sua morada em nosso meio, em nossa vida. A reflexão a respeito da participação de Jesus nos leva ao desejo de querer adorá-lo, de apresentar nosso louvor de gratidão e nossas orações. É possível fazer isso a qualquer momento e em qualquer lugar, porém, há um modo privilegiado para nos achegar e adorar Jesus: diante doo santíssimo sacramento.
Como a Igreja em sua essência, cada um dos seus filhos deve viver da Eucaristia. Esta verdade contém em síntese o próprio núcleo do mistério da Igreja. É com alegria que ela experimenta, de diversas maneiras. A realização incessante desta promessa: “eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo” (Mt 28,20); mas na Sagrada Eucaristia, pela conversão do pão e do vinho no corpo e Sangue do Senhor; goza desta presença com uma intensidade sem par. Desde o dia de Pentecostes, quando a Igreja, povo da nova aliança, iniciou a sua peregrinação para a pátria celeste, este sacramento divino foi ritmando os seus dias, enchendo-os de consoladora esperança (cf.Ecclesia de Eucharistia, 1)
            Cristo entra em nossa vida com sua graça
            “Como vivemos a Eucaristia”? “O que ela é para nós”? a partir dessas pergunta, o Papa Francisco apresenta três sinais muito concretos para indicar como devemos viver o sacramento da eucaristia.
            O primeiro indício é nosso modo de olhar e considerar os outros. A Eucaristia está conectada com a nossa vida, seja como indivíduos, seja como Igreja. De fato, a Eucaristia leva-nos a olhar e considerar as pessoas que estão ao nosso redor como verdadeiros irmãos, fazendo-nos compartilhar as suas vitórias e dificuldades, alegrias e tristezas, indo ao encontro, sobretudo, daqueles que são pobres, doentes e marginalizados.
            Um segundo indício, muito importante, é a graça de sentirmo-nos perdoados e prontos a perdoar, a Eucaristia nos dá essa graça. Na verdade, participamos da celebração não por nos julgarmos melhores do que os outros, mas porque nos reconhecemos necessitados da misericórdia de deus; e isto também nos ensina a perdoar os demais.
            Um último indício precioso vem-nos oferecido da relação ente a celebração eucarística e a vida das nossas comunidades cristãs. Ao se ter certeza de que a Eucaristia não parte da nossa iniciativa, mas é uma ação do próprio Cristo, que em cada celebração quer entrar na nossa existência com a sua graça, a Santa missa incide na vida da nossa comunidade cristã, fazendo como que nela exista coerência entre liturgia e vida (Audiência Geral, 12/02/2014);

            É bom estar com o Senhor.
            Além da celebração Eucarística, o culto prestado à Eucaristia fora da missa é de um valor inestimável na vida da Igreja e de cada um de seus filhos. A presença de Cristo nas hóstias consagradas que se conservam após a missa – presença essa que perdura enquanto subsistirem as espécies do pão e do vinho – resulta da celebração da Eucaristia e se destina à comunhão, sacramental e espiritual.
            No coração do cristão há sempre o desejo e a necessidade de permanecer longamente, em diálogo espiritual, adoração silenciosa, atitude de amor, diante de Cristo presente no Santíssimo Sacramento. “Quantas vezes, meus queridos irmãos e irmãs” – afirmou São João Paulo II - , “fiz esta experiência, recebendo dela força, consolação, apoio”.
            Desta prática, muitas vezes louvada e recomendada pelo Magistério, diversos santos nos deixaram exemplos. De modo particular, distinguiu-se nisto Santo Afonso Maria de Ligório que escrevia: “A devoção de adorar Jesus sacramentado é, depois dos sacramentos, a primeira de todas as devoções, a mais agradável a Deus, a mais útil para nós”. A Eucaristia é um tesouro inestimável: não só a sua celebração, mas também o permanecer diante dela fora da missa permite-nos beber da própria fonte da graça. Uma comunidade cristã que queira contemplar melhor o rosto de Cristo não pode deixar de desenvolver também este aspecto do culto eucarístico, no qual perduram e se multiplicam os frutos da comunhão do Corpo e Sangue do Senhor” (cf. Eclésia de Eucharistia, 25).

            A relação intrínseca entre celebração e adoração.
            Existe uma intrínseca relação entre a celebração eucarística e a adoração ao Santíssimo Sacramento. Neste significativo aspecto da fé da Igreja, encontra-se um dos elementos decisivos do caminho eclesial que se realizou após a renovação litúrgica proposta pelo Concílio Vaticano II. Quando a reforma litúrgica dava os primeiros passos, aconteceu de às vezes não se perceber com suficiente clareza a relação intrínseca entre a Santa Missa e a adoração do Santíssimo Sacramento; uma objeção então em voga, por exemplo, partia da ideia de que o pão eucarístico nos fora dado não para ser comtemplado, mas comido. Tal contraposição, vista à luz da experiência de oração da Igreja, aparece realmente destituída de qualquer fundamento. Já Santo Agostinho disse: “ninguém come esta carne, sem antes a adorar; (...) pecaríamos se não a adorássemos”. De fato, na Eucaristia, o Filho de Deus vem ao nosso encontro e deseja se unir conosco; a adoração eucarística é apenas o prolongamento visível da celebração eucarística, a qual, em si mesma, é o maior ato de adoração da Igreja: receber a eucaristia significa colocar-se em atitude de adoração daquele que comungamos. Precisamente assim, e apenas assim, é que nos tornamos um só com Ele e, de algum modo, saboreamos antecipadamente a beleza da liturgia celeste. O ato de adoração fora da Santa Missa prolonga e intensifica aquilo que se fez na própria celebração litúrgica. Com efeito, somente na adoração pode-se maturar um acolhimento profundo e verdadeiro. Precisamente neste ato pessoal de encontro com o Senhor amadurece depois, também, a missão social, que está encerrada na Eucaristia e deseja romper as barreiras não apenas entre o senhor e nós mesmos que nos separam uns dos outros.
            O relacionamento pessoal que cada fiel estabelece com Jesus, presente na Eucaristia, o reconduz sempre ao conjunto da comunhão eclesial, alimentando nele a consciência da sua pertença ao corpo de Cristo. (cf. Sacramentum caritatis, 66-69)

A celebração do culto eucarístico fora da missa.
            “A Igreja Católica professou e professa esse culto de adoração que é devido ao sacramento da Eucaristia não somente durante a missa, mas também fora da celebração dela, conservando com o máximo cuidado as hóstias consagradas, expondo-as aos fieis para que as venerem com solenidade, levando-as em procissão” (Catecismo da Igreja Católica, 1378).
            A adoração eucarística, segundo a tradição da Igreja, exprime-se em diversas modalidades:
            . A simples visita ao Santíssimo Sacramento, conservado no sacrário, representa um breve encontro com Cristo, sugerido pela fé na sua presença e caracterizado pela oração silenciosa:
            . A adoração diante do Santíssimo Sacramento exposto, segundo as normas litúrgicas, no ostensório, de forma prolongada ou breve:
            . A adoração perpétua, que empenha toda a comunidade, uma associação eucarística ou uma comunidade paroquial, ocasião de numerosas expressões de piedade eucarística.
            A solenidade do Santíssimo Sacramento do Corpo e Sangue de Cristo (Corpus Christi) é uma expressão ímpar dessa adoração ao Senhor. De forma pública, por meio de procissões e outros aparatos (enfeites das ruas e praças, tapetes decorativos etc.), os fieis externam sua fé na presença verdadeira, real e substancial de Cristo. Essa festa é uma grande oportunidade de testemunhar publicamente nossa fé na Sagrada Eucaristia.

            Os sinais externos e as disposições do coração.
            “Na liturgia da missa, exprimimos nossa fé na presença real de Cristo sob as espécies do pão e do vinho, entre outras coisas, dobrando os joelhos, ou inclinando-os profundamente em sinal de adoração ao Senhor” (Catecismo da Igreja católica, 1378).
            A posição em que nos colocamos diante da celebração da Eucaristia – de pé, sentados, de joelhos – leva-nos às disposições do coração.
            Se o “estar em pé” manifesta a liberdade filial dada ao Cristo pascal, que nos libertou da escravidão do pecado”, exprime a receptividade cordial de Maria que, sentada aos pés de Jesus, escutava a sua palavra; o “estar de Joelhos, ou profundamente inclinado” mostra que devemos tornar-nos pequenos diante do Senhor (cf. Filipenses 2,10). O ato de inclinar-se diante da Eucaristia exprime a fé na presença real do senhor jesus no Santíssimo sacramento.

            

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