AGRADECIMENTO
VENERÁVEL ORDEM TERCEIRA DE SÃO FRANCISCO DA PENITÊNCIA DA CIDADE DE SÃO PAULO
IGREJA DAS CHAGAS DO SERÁPHICO PAI SÃO FRANCISCO
Documento Histórico
FÉRIA DE NEGROS TAIPEIROS
AGRADECIMENTO
Aos anônimos carregadores de materiais de construção, índios e negros, e aos taipeiros, José Mariano aprendiz, Antônio Corisco, Vitorino do Alferes Pimenta, João da Dona Leonor, Manoel forro e tantos outros, que com suor amalgamaram o barro e com perícia edificaram a Igreja das Chagas do Seráphico Pai São Francisco, os Irmãos da Venerável Ordem Terceira de São Francisco da Penitência da Cidade de São Paulo manifestam reconhecimento pelo trabalho, admiração pela magnífica tarefa executada e estima pela vida de cada um.
“Que descansem de suas fadigas, pois suas obras os acompanham” (Ap 14, 13)
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NOVEMBRO/2024
Fraternidade das Chagas
1644 - 380 anos do início da Ordem em São Paulo
1784 - 240 anos do lançamento da pedra fundamental da Igreja das Chagas
Comentário
A Primitiva Capela de São Francisco da Penitência em São Paulo foi construída em 1676 pelos primeiros Irmãos da Ordem Terceira, bandeirantes mamelucos, com mão de obra indígena. Conservando a estrutura dessa antiga Capela, foi iniciada a edificação da nova Igreja, tendo sido lançada a pedra fundamental em 11 de julho de 1784. Irmãos portugueses do século XVIII providenciaram a planta, a cargo do Irmão Capitão-Mor Manoel de Oliveira Cardoso, proveram o financiamento e administraram a execução com a mão de obra de negros e indígenas. Especialmente, com grande arte, os negros taipeiros levantaram as enormes paredes de taipa e de pau a pique. Também afrodescendentes, foram responsáveis pela pintura e douração, como Constância Miquelina das Chagas, mestra pintora, parda.
Ao final do século XIX, com a abertura para a profissão de negros, de que esta Venerável Ordem Terceira de São Francisco de São Paulo foi uma das pioneiras no Brasil, superou-se essa alienação anticristã e antifranciscana. Um dos primeiros negros a professar na Ordem Terceira Franciscana de São Paulo foi Graciliano Vicente Xavier, que pintou o belo afresco da “Estigmatização de São Francisco”, a ser admirado na parede da entrada, ao lado interno, do Jazigo.
De forma que a Igreja das Chagas do Seráphico Pai São Francisco em São Paulo foi edificada pelas três raças. Não é somente “coisa de branco”, é também “coisa de preto” e “coisa de índio”.
Revisitando Oswald de Andrade (“A massa ainda comerá o biscoito fino que fabrico”), bem se poderia dizer:
Com a massa grossa do barro amassado com excremento, a massa mais pisada deste país foi capaz de fabricar o biscoito fino desta Igreja dourada, e ora tombada pelo patrimônio histórico e artístico nacional.
Edmilson Soares dos Anjos
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