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Deus meus et omnia

                                                 Deus meus et omnia 

 

És tudo que minha alma desejar pudera. 

O sonho de, não tendo, eu tudo possuir. 

E tudo possuindo, eu nada mais tivera. 

Senão a ti. E em ti me consumir. 

 

Pois que se eu perdera toda vã quimera, 

Algo que, insensato, me fosse atribuir, 

Dom mais precioso eu de ti houvera 

De encontrar-me em ti. E a ti me reunir. 

 

Morrer, nascer, viver, eu tudo depusera 

Contigo ao pé da cruz, altar teu no devir. 

Se fui, ou tive, perdeu-se em outra era. 

 

O que importa a mim é ser-te em meu porvir. 

E recolhido em ti, já pouco se me dera: 

Ser eu ou não ser eu; existir, não existir ... 

 

Edmilson Soares dos Anjos 


“São Francisco orante”. Escultura em Bronze, de Ottone Zorlini. Metade século XX. Acervo VOT.  




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