Deus meus et omnia
És tudo que minha alma desejar pudera.
O sonho de, não tendo, eu tudo possuir.
E tudo possuindo, eu nada mais tivera.
Senão a ti. E em ti me consumir.
Pois que se eu perdera toda vã quimera,
Algo que, insensato, me fosse atribuir,
Dom mais precioso eu de ti houvera
De encontrar-me em ti. E a ti me reunir.
Morrer, nascer, viver, eu tudo depusera
Contigo ao pé da cruz, altar teu no devir.
Se fui, ou tive, perdeu-se em outra era.
O que importa a mim é ser-te em meu porvir.
E recolhido em ti, já pouco se me dera:
Ser eu ou não ser eu; existir, não existir ...
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