Pular para o conteúdo principal

No calcanhar de Maria

 


No calcanhar de Maria 

O Calvário foi uma ratoeira gigante que Deus preparou 

para apanhar o demônio. 

A isca era seu Filho, puro humano sem defeito. 

Ao fazer morrer Jesus, como a qualquer homem fazia, 

aconteceu o que Deus previa: o demônio extrapolou, 

estendendo cruel braço além do que devia. 

Quando Jesus expirou, ao som do grito profundo, 

seu Espírito luzia, vivo e claro como o sol. 

Quem caiu foi o demônio, derrotado ao pé da cruz, 

pelo engano que cometia, 

aplicando a pena de morte ao Deus que não morria. 

E logo a Virgem Maria — que é a imagem da Igreja — 

pisou a cabeça do dragão, que estremece até hoje, 

causando esta agonia que o mundo todo padece. 

 

E eu que sou da Igreja uma parte, a mais pequena, 

certamente me componho 

no calcanhar de Maria 

que o demônio tenta morder 

e lanha com os cruéis dentes da sua boca sombria. 

Hoje minha alma está fria, no nada jaz meu coração, 

e eu me sinto desgarrado como um fiapo de carne da Igreja 

entre os dentes do dragão. 

 

Quando terminar a batalha com a vitória do Deus Forte, 

antes que se precipite o demônio 

no fogo da segunda morte, 

não se esqueça Jesus Menino de palitar a dentadura 

daquela boca sombria 

a ver se lá resta um pedacinho 

do pé da Virgem Maria. 

 

Edmilson Soares dos Anjos 



"Maria pisa a cabeça da serpente"

Altar-mor - Igreja das Chagas

Acervo V.O.T.

Comentários