Voo sobre o abismo
Não arde mais a sarça sobre o monte
É dentro agora, é dentro a parusia
A sarça, o monte, o fogo que irradia
E queima e não consome, e mata e me recria
Mil vezes mergulhado em fundo desengano
Mil vezes transpassado da dor de ser humano
Mil vezes confundido na ânsia do infinito
Mil vezes constrangido a engolir o próprio grito
Mil vezes descoberto no gelo do meu nada
Mil vezes no deserto com a alma destroçada
E nunca visitado em meio à escuridão
E nunca libertado da boca do leão
E nunca transportado ao céu numa visão
Mas sempre levantando voo sobre o abismo
Ao sopro desse Deus que queima o coração
O Deus que me esmaga ao peso do seu braço
É o Deus que me sustenta em pé a cada passo
E assim nós caminhamos
- eu e o meu Deus -
Compondo essa fogueira
Pela Graça renovada
Ele é o Fogo que me abrasa
- eu sou a lenha incendiada
Edmilson Soares dos Anjos
Comentários
Postar um comentário