NOSSA
VIDA ESPIRITUAL
Para escrever sobre
esse assunto, nossa fonte é a pessoa de Nosso Senhor Jesus Cristo, sua
Palavra e a vida de fé.
O Evangelho nos dá fortes
argumentos para refletir sobre esse assunto.
“Em verdade, em
verdade vos digo, se o grão de trigo que cai na terra não morre, ele continua
só um grão de trigo; mas, se morre, então produz muito fruto. Quem se apega a
sua vida, perde-a; mas quem faz pouca conta de sua vida neste mundo
conservá-la-á para a vida eterna. Se alguém me quer servir, siga-me, e onde eu
estou estará também o meu servo. Se alguém me serve, meu Pai o honrará” (Jo
12, 24 a 26).
Poder-se-ia dizer que
estas palavras são um ponto de partida, a partir de nosso Batismo. Ocorre que
muitas vezes não compreendemos toda sua profundidade. O que significa morrer
para dar fruto? O que significa, de fato, seguir a Jesus? O morrer aqui
significa um completo desapego de si mesmo. Se alguém se entrega com toda
confiança ao Senhor, por pior que seja a adversidade que viva, não permite que
sua confiança se enfraqueça, com apoio na força do Espírito Santo que recebeu
no Batismo. E se procura sempre a Palavra, do Senhor, certamente esta o
sustentará. E não só isto, mas também o seu serviço pelo Reino de Deus por meio
da Igreja, a participação nos Sacramentos podem ser garantias de salvação. O
próprio Espírito Santo lhe dará toda a força que necessita. Precisa ser uma
doação sem reservas. Assim como Nosso Senhor Jesus Cristo se entregou
completamente por nós, Ele também nos pede entrega absoluta. Esta entrega
total significa o morrer a si mesmo. É a partir disso que Deus tem toda
liberdade para agir em nós e por nós em favor dos outros nossos irmãos. Exemplos
disso são os nossos santos e santas que deram testemunho desta sabedoria
recebida do alto: nosso querido São Francisco, São Paulo, nossa Mãe santíssima,
por excelência e tantos outros e outras.
Jesus e todos nós que
queremos servi-Lo, segui-Lo, somos chamados a seguir seu exemplo de desapego
para viver a obediência, e assim, fazer a vontade do Pai. São Francisco
disse uma grande verdade: “Só se vive, aquilo que se experimenta”. Esta
vivência deve absorver nossa vida, de tal modo que possamos dizer “Já não sou
que vivo, é Cristo que vive em mim”.
É muito importante ser
pequeno. São Francisco disse: “Sejamos servos e súditos de toda humana
criatura”. Parece um exagero, mas se conseguimos isso, alcançamos também a humildade.
Esta virtude abre as portas para as outras. É dela que partimos para a
liberdade e a confiança. Deus opera suas maravilhas em quem nada espera de si
mesmo, mas tudo Dele. É pela humildade e cautelosa desconfiança de nós mesmos,
mas com plena confiança em Deus que vencemos as tentações. Conhecer
profundamente nossa impotência, nosso nada, mostra-nos uma grande luz diante de
Deus. Quando somos ensinados por outras pessoas, tratados como empregados e
permanecemos em paz, então alcançamos a humildade.
O cristão só pode
adquirir a sabedoria, por meio da loucura da cruz. “Revesti-vos de Cristo”,
disse São Paulo. Quando rezamos a
Via-Sacra e contemplamos as humilhações de Jesus, nós também deveríamos
procurar ter os mesmos sentimentos Dele na cruz. Só assim chegamos a
compreender a ciência do amor. É preciso ter paciência nas adversidades.
Tudo devemos enfrentar em
paz, porque estamos nas mãos de Deus. Não devemos nos inquietar com a falta
de virtudes, com o fato de sermos desagradáveis a nós mesmos. Jesus procura
repousar em nós, fazer sua morada naqueles que de fato se abandonam a Ele.
Dizem que Santa
Terezinha subiu aos céus pelo elevador da caridade, sem temor, porque é assim o
agir dos pequeninos.
“No vosso seio será
lançada uma medida boa, cheia, recalcada e transbordante”
(Lc 6,38).
Temos em nós a centelha
divina e Deus quer operar em nós sempre o que há de melhor. Nós tendemos ao
pecado, mas Jesus quer nos libertar e realizar em nós as maravilhas do seu amor
e nunca desiste disso enquanto vivemos. Por isso não podemos deixar nossa
confiança esmorecer. Ele nos ama eternamente e conhece muito bem nossas
misérias, nossas quedas, mas nunca desiste de nos amar. Sua Palavra bem
meditada é um santo remédio para nos manter serenos.
Nossa alegria e júbilo
devem sempre existir pelo que Deus é, e não por quem somos nós,
alegremo-nos por sua grandeza, seu infinito amor e seremos felizes por ter um
tal Senhor que nos ama fielmente. Louvar ao Senhor também é um grande remédio
para afastar as tentações. Para isso temos os salmos, os cânticos e orações
maravilhosas.
Dom Paulo Evaristo
Arns, teve um lema “Esperar contra toda esperança”. Sabemos que ele teve uma
vida conturbada pelos valores que defendia. Sofreu muitas ameaças contra sua
vida, mas nunca retrocedeu, sempre seguiu em frente. A Sabedoria divina nos
ensina que, são as almas mais fracas, que se confiam à infinita misericórdia
do Senhor,as que alcançam Dele renovadas forças em todos os seus dias para
seguir em frente. “Os que esperam no Senhor adquirirão sempre novas
forças, tomarão asas como de águia, correrão e não se fatigarão, andarão e não
desfalecerão” (Is 40, 28-31). Esta palavra recorda que devemos levar
esperança a todas as pessoas, especialmente aquelas que estão em perigo por
doenças ou ignorância. Muitos jovens por exemplo se suicidam, porque nas
primeiras decepções da vida, pensam que tudo se acaba e não é assim. Precisamos
ser humildes, refletir, buscar o Senhor, confiar sempre Nele. A vida
espiritual é um perpétuo exercício de paciência e, só assim poderemos ser
vitoriosos na vida.
Como cristãos e
discípulos missionários é importante ter coerência, conforme a graça que
recebemos e na fé, dizer como São Paulo: “Deixo tudo para trás e me
lanço para a frente”. Tudo pode desabar, menos a confiança em Deus. Sé
Nele podemos descansar.
Viver com simplicidade
é grande sabedoria, é sinal de humildade e nos trás muitas alegrias.
Por meio dela aprendemos a descomplicar as coisas, a viver o essencial e fazer
tudo com amor com Cristo, por Cristo e em Cristo. A música atribuída a São
Francisco de Assis é bem verdadeira “É dando que se recebe, é perdoando que se
é perdoado...”, ensina-nos a mais distribuir do que guardar, não carreguemos
pesos inúteis.
Se ninguém reparar em
você, fique feliz na simplicidade e no escondimento. As maiores maravilhas
que Deus nos faz são em silêncio, escondidas e interiores.
“Não queirais, pois,
andar inquietos pelo dia de amanhã. Porque o dia de amanhã cuidará de si; a
cada dia basta seu fardo”(Mt 6,34).Ofereçamos ao Senhor
nossas pequenas mortificações e a vida de penitência que o Espírito Santo nos
inspira e concede viver. A mortificação do amor próprio valem mais que as
penitências corporais, pois estas é que transformam nossa vida interior. Só o
amor dá valor a nossa vida e a cada dia ele se renova.O que importa é amar
intensamente em todos os momentos em que vivemos.A santidade consiste em
amar. O que vale diante de Deus é nosso amor e nosso nada. O Evangelho nos
diz que somos servos inúteis, porque Deus é quem nos constrói. Jesus pagou por
nós todas as dívidas.
O sacrifício que Deus
nos pede é não murmurar, não julgar ninguém, ter sempre em mente o hino ao
amor, de São Paulo aos Coríntios 13. São Francisco a teve sempre
presente em seu coração e muitas vezes chorou dizendo “O amor não é amado”. Ele
quis ser pequeno, servir a todos com humildade e em tudo imitar a Jesus e Maria.
Julgava-se o maior dos pecadores, mas sempre praticou a caridade fraterna e
o amor a Deus sobre todas as coisas. Agiu sempre como Jesus, fazendo sempre
o que era do agrado do Pai, que bem O conheceu por meio da reflexão de sua
Palavra. Aliou-se sempre à Virgem Maria, a mais perfeita serva do Senhor.
E termino dizendo:
Alegrai-vos sempre no Senhor! Devemos sorrir sempre, tanto em momentos difíceis
como nos dias calmos, pois a confiança deve prevalecer sempre!
Tudo podemos Naquele
que nos fortalece e nos sustenta.
Esse tema não se
esgota, mas creio que sublinhei que o importante é o amor e a confiança em
Deus.
Maria Aparecida
Crepaldi
Ministra da OFS – Fraternidade
das Chagas
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