José Antonio Pagola
O julgamento de Jesus teve lugar no palácio em que reside o prefeito romano quando vem a Jerusalém. Acaba de amanhecer. Pilatos ocupa o trono do qual dita suas sentenças. Jesus comparece de mãos atadas como um delinquente. Ali estão, frente a frente, o representante do império mais poderoso e o profeta do reino de Deus.
Pilatos acha incrível que aquele homem tente desafiar Roma. “Então, tu és rei?” Jesus é bem claro: “Meu reino não é deste mundo': Não pertence a nenhum sistema injusto deste mundo. Jesus não pretende ocupar nenhum trono. Não busca poder nem riqueza.
Mas não lhe oculta a verdade: “Sou rei': Vim a este mundo para intraduzir a verdade. Se seu reino fosse desse mundo, teria “guardas” que lutariam por Ele com armas. Mas seus seguidores não são “legionários”, mas “discípulos” que escutam sua mensagem e se dedicam a implantar verdade, justiça e amor no mundo.
O reino de Jesus não é o de Pilatos. O prefeito vive para extrair as riquezas dos povos e levá-las para Roma. Jesus vive “para ser testemunha da verdade': Sua vida é todo um desafio: “Todo aquele que é da verdade escuta minha voz': Pilatos não é da verdade. Não escuta a voz de Jesus. Dentro de algumas horas tentará apagá-la para sempre.
O seguidor de Jesus não é “guardião” da verdade, mas “testemunha”. Sua tarefa não é disputar, combater e derrotar os adversários, mas viver a verdade do Evangelho e comunicar a experiência de Jesus que está mudando sua vida.
O cristão também não é “proprietário” da verdade, mas testemunha. Não impõe sua doutrina, não controla a fé dos outros, não pretende ter razão em tudo. Vive convertendo-se a Jesus, transmite a atração que sente por Ele, ajuda a olhar para o Evangelho, introduz em toda parte a verdade de Jesus. A Igreja atrairá as pessoas quando elas puderem ver que nosso rosto se parece com o de Jesus e que nossa vida lembra a de Jesus.
Trecho extraído do livro “O Caminho Aberto por Jesus”, de José Antonio Pagola, Editora Vozes.
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