Frei Gustavo Medella
“Eu nasci e vim ao mundo para dar testemunho da verdade” (Jo 18,37). É difícil se tocar no tema da verdade. Com frequência se pode cair em extremos perigosos: ou num fanatismo cego de quem busca numa série de enunciados a segurança diante da precariedade da existência ou num total absolutismo do relativo, onde a desconexão entre as pessoas as leva à construção de uma verdade pautada em conveniências próprias, pessoais e individuais. No primeiro caso, quem coloca em cheque esta ilusória segurança tende a ser extirpado, excluído, morto, descartado. No segundo, onde impera a lógica do cada um por si, prevalece a verdade de quem pode mais.
Jesus vem ao mundo para testemunhar a verdade. A legitimidade de seu reinado é este compromisso, do qual Ele jamais abre mão. E, ao percorrer este caminho de testemunho, o Mestre revela a seus discípulos que a “verdadeira verdade” liberta e não aprisiona (Jo 8,32), promove a vida e não a mata (Jo 10,10), opera o milagre da partilha e não o egoísmo (Cf. Mc 14,13-21), acolhe e jamais exclui (Lc 7,48), carrega os próprios fardos e não os impõe aos outros (Mt 23,4), abre os abraços para abraçar e não estende o dedo para condenar (Mt 7,5).
É a verdade dinâmica e sempre provocadora de quem acredita que o Reino inaugurado por Jesus é o da transformação da injustiça em justiça, do ódio em amor, do egoísmo em partilha, do “cada por si” em todos para todos, do ser servido em servir, do “ter todos à disposição” em estar à “disposição de todos”. Trabalho imenso, projeto de uma vida toda. Nesta sucessão de tempos litúrgicos é que o cristão encontra a chance e progredir e crescer na construção de um mundo melhor. Que, neste advento, eu, você, todos nós sejamos melhores ainda que apenas “um pouco”, do que éramos no advento passado. E vamos em frente… Sem parar… Viva Cristo Rei!
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