Um certo modo de encontrar Deus
Não como uma divindade anônima, mas de acordo com a revelação feita no Evangelho, como sendo o Pai de Jesus Cristo e nosso Pai, o Filho bem amado do Pai, e o Espírito de amor que nos vem do Pai e do Filho e nos faz entrar em comunhão com esses Três tão misteriosos e tão próximos de nós. O mistério trinitário encontra-se no âmago da experiência franciscana. Ele não causa medo ao espírito humano, mas é luz e proximidade. Ele faz nascer em nosso interior confiança filial e segurança a respeito de nosso devir. A oração franciscana, sempre ancorada na oração da Igreja, não precisa de métodos. É espontânea e gratuita, simples e confiante, familiar e despojada.
... de seguir a Jesus Cristo…
Com um elã alegre e definitivo, uma adesão sem volta. Trata-se mais de seguir a Jesus do que imitá-lo, com a mesma convicção que animava o apóstolo Paulo: “Não pretendo dizer que já alcancei a meta. Mas eu corro por alcançá-la uma vez que também fui conquistado por Cristo Jesus’ (Fl 3, 12). Em Jesus, vemos o Filho do Altíssimo, o Filho bem amado do Pai, mas também nosso irmão que optou pela humildade e pela pobreza e que, desta forma, se tornou próximo dos pecadores que somos a fim de nos reconduzi-los a Deus, reconciliá-los com o Altíssimo. Jesus é contemplado em sua humanidade humilde e serviçal: o menino de Belém, o crucificado do Calvário e o Ressuscitado que dá vida e que está à nossa disposição na modesta aparência do pão partido, homem sofredor pelos pecadores, o Ressuscitado que realiza a condição humana destinada à glória. A tradição franciscana contempla Jesus como o Primeiro pensado no desígnio criador do Pai, o Primeiro amado de todas as criaturas por quem e para quem tudo foi feito: “Tudo foi criado por ele e para ele. Ele existe antes de todas as coisas e tudo subsiste nele” (Cl 1, 15ss).
… de ser livre no movimento do Espírito...
É o Espírito Santo que santifica e ilumina cada um a respeito de sua própria vocação. Francisco o chamava de “Ministro Geral da Ordem” e aquele que inspira caminhos novos de presença no mundo e trilhas de evangelização ainda não percorridas. Ele suscita iniciativas inesperadas para o desenvolvimento da Ordem e para a irradiação evangélica das fraternidades.
Por tradição, os frades sempre se dirigiram às fronteiras da Igreja para relançar a missão, responder aos apelos da Igreja e para se retirar numa solidão do “escondido” e da paciência. Desde suas origens, a família franciscana teve a convicção de ter sido suscitada pelo Espírito para a renovação da Igreja tanto em sua vida interna quanto em sua missão.
Inspirado em: L’héritage de François d’Assise – Luc Mathieu, ofm
Revista Évangile Aujourd’hui, n. 200, 2004, p. 33-34
Frei Almir Guimarães
Fonte: https://carisma.franciscanos.org.br
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