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Liturgia dominical: É mais fácil do que parece


Frei Gustavo Medella

“Simples assim”, diz o clichê que circula nas redes sociais e na boca do povo. Apesar de parecer uma novidade, esta intuição é bem antiga e aparece na fala dos servos de Naamã, o sírio, que convidam o chefe à reflexão quando dizem: “Senhor, se o profeta te mandasse fazer uma coisa difícil, não a terias feito? Quanto mais agora que ele te disse: ‘Lava-te e ficarás limpo’” (2Rs 5,13). Eles se referiam à orientação do Profeta Eliseu a Naamã quando aquele garantiu ao sírio que sua doença estaria curada caso se lavasse sete vezes no Rio Jordão. “Só isso?”, perguntou-se Naamã, incrédulo e decepcionado.

Na vida, muitas soluções estão mais próximas do que se pensa. Em Jesus, o próprio Deus escolhe ser simples para apresentar ao ser humano o caminho da simplicidade. Tal lição, aparentemente fácil, às vezes demora uma vida inteira para ser assimilada. Geralmente dela se toma consciência quando os limites, da idade ou da doença, aparecem. Dar um passo, tomar um copo de água fresca, ir ao banheiro sozinho e conseguir se limpar, por exemplo, são ações extremamente simples, mas aparecem em sua total importância quando alguém não mais consegue realizá-las sem ajuda.

A sabedoria de assimilar os limites e buscar na simplicidade a capacidade de ser feliz é uma das lições que a Liturgia da Palavra deste 6º Domingo do Tempo Comum vem ensinar. A simplicidade como caminho da resolução de dramas e problemas faz lembrar o refrão dos Titãs, que cantam: “As ideias estão no chão. Você tropeça e acha a solução”.

Esta reflexão sobre a simplicidade não deseja assumir um tom alienante ou provocar resiliência naqueles que sofrem as dores da injustiça e da falta de condições mínimas para viver. O Evangelho de Jesus Cristo, Deus que se fez simples entre os simples deve levar a questionar as estruturas de desigualdade pautada em um mercado que se rege apenas pela lei da oferta e da procura, onde o dinheiro tem voz ativa sobre as relações, as instituições e as pessoas. Como diz o Papa Francisco, uma economia que exclui em vez de servir. Que o apelo da Liturgia deste final de semana ressoe na consciência de todos os Cristãos. “Simples assim”.

Fonte: http://www.franciscanos.org.br/

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